Exposição: ‘Pop Brasil: vanguarda e nova figuração, 1960-70’ 466i5p

Ditadura militar, Guerra Fria, industrialização, consumismo, sexualidade… A nova exposição da Pinacoteca Contemporânea, em São Paulo, fala sobre tudo isso e mais um pouco!

‘Pop Brasil: vanguarda e nova figuração, 1960-70‘ entra em cartaz no museu a partir do dia 31 de maio, e fica até o dia 5 de outubro.

Ela reúne 250 obras de mais de 100 artistas brasileiros dos anos 1960 e 70, que faziam parte do movimento da Pop Arte nacional, que rompeu com a arte moderna de vanguarda brasileira.

A exposição propõe uma verdadeira imersão artística e histórica, tendo em vista o forte caráter crítico dessas obras. É para relembrar o ado e refletir sobre como ele ainda ecoa no presente – com suas persistências e transformações.

Estão presentes gigantes da arte brasileira, como Hélio Oiticica – autor da famosa obra de um corpo caído com a frase ‘Seja marginal, seja herói’ -, Antônio Dias, Wanda Pimentel e mais.

Apesar de fazerem parte de uma mesma corrente, muitos desses artistas nunca haviam sido expostos lado a lado. É a maior exposição do ano da Pinacoteca — imperdível!

Ah, e o público ainda pode literalmente vestir os icônicos parangolés de Oiticica, que são capas e bandeiras com frases. Quando vestidas, as pessoas se tornem parte da obra. Eles têm forte relação com a Escola de Samba Mangueira e já foram usados por nomes como Caetano Veloso.

Para entender a exposição, vale voltar para a origem do ‘Pop Art‘, criado no Reino Unido, nos anos 60, para criticar a produção industrial e a massificação da cultura. Se utilizava muitas cores, elementos da cultura popular (pop) e a técnica de serigrafia, ou silk screen.

Você provavelmente já ouviu falar em Andy Warhol, que tem uma exposição enorme em SP até o dia 30 de junho – clique aqui para saber mais! 

Esse movimento chega ao Brasil e é reinterpretado de maneira ainda mais impactante.

Enquanto os artistas estrangeiros faziam críticas dentro de países desenvolvidos, os brasileiros denunciavam problemas ainda mais profundos, em um país marcado pela desigualdade e pela repressão.

Dessa forma, o ‘Pop Brasil‘ retratava o cenário global – como a chegada do homem à Lua -, mas também criticava a industrialização nacional, a cultura popular brasileira, televisão e a Ditadura Militar (instaurada em 1964).

‘Pop Brasil: vanguarda e nova figuração, 1960-70’ dá conta de todas essas nuances de transformações políticas, sociais e artísticas. Por isso, é dividida por temas, que vão da cultura popular e sexualidade à opressão, criminalidade e marginalidade.

Com curadoria de Pollyana Quintella e Yuri Quevedo, a imersão se inicia com um marco histórico: o conjunto de bandeiras originais utilizadas no ‘Happening das Bandeiras‘, ação artística que aconteceu em 1968, nas ruas de Ipanema, no Rio. Em plena ditadura, os artistas ocuparam o espaço público para expor suas serigrafias.

Depois, a mostra segue com retratos de ícones da MPB, como Roberto Carlos e Chico Buarque, e até mesmo Bob Dylan e Che Guevara.

Sobre a Ditadura, traz caricaturas de generais e presos políticos, registros fotográficos de movimentos de resistência, e as famosas ‘trouxas ensanguentadas’, de Artur Barrio. 

Não se engane: o Pop Brasil está longe de ser fácil de digerir, e escancara a realidade do ado nacional.

“Podemos entender a força coletiva dos artistas de uma geração que trabalhou para denunciar, protestar e sonhar com uma nova sociedade”, afirmam os curadores.

A exposição está na Galeria do edifício Pina Contemporânea. Os ingressos dão o a todos os edifícios da Pinacoteca e custam R$ 15 (meia-entrada) e R$ 30 (inteira) + R$2 de taxa de conveniência. A entrada é gratuita aos sábados e no segundo domingo do mês. 

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