UFSCar revela que 72,5% das mulheres jovens sofrem com desconforto na região genital 1i1o44

A normalização desses sintomas, mesmo quando afetam a saúde sexual e emocional, é um dos principais alertas do estudo 5q6q1k

30/05/2025 18:06

Sentir dor durante o sexo, coceira ou ardência na região genital pode parecer um problema pontual. Mas para a maioria das jovens brasileiras, esses sintomas fazem parte do cotidiano.

UFSCar revela que 72,5% das mulheres jovens sofrem com desconforto na região genital
UFSCar revela que 72,5% das mulheres jovens sofrem com desconforto na região genital - [email protected]/DepositPhotos

Uma pesquisa inédita realizada pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) mostrou que 72,5% das mulheres jovens apresentam sintomas vulvovaginais. A normalização desses sintomas, mesmo quando afetam a saúde sexual e emocional, é um dos principais alertas do estudo.

Alta prevalência entre mulheres jovens 56x4d

A pesquisa foi feita com 313 voluntárias na faixa dos 30 anos. Mais de 70% relataram sintomas como coceira, dor no sexo e corrimento.

De acordo com o levantamento, os sintomas mais relatados foram secreção vaginal (63%), coceira (54%), ardência (31%), secura vaginal (30%), odor vaginal (28%), irritação (27%) e dor durante o ato sexual (20%).

Apenas 30% das participantes afirmaram não ter nenhum desses incômodos, o que reforça a prevalência dos sintomas.

Impacto ignorado e normalização preocupante 3k3c50

Apesar da frequência, os sintomas foram classificados como de “baixo impacto” por muitas mulheres. Isso chamou a atenção das pesquisadoras.

“Mesmo mulheres que relataram dor durante o ato sexual avaliaram que o problema tem baixo impacto em suas vidas. Os escores utilizados para medir o impacto desse e de outros sintomas ficaram muito aquém do esperado, revelando uma normalização preocupante.”

Essa naturalização pode atrasar diagnósticos e impedir o tratamento adequado, afetando diretamente a qualidade de vida dessas mulheres.

UFSCar revela que 72,5% das mulheres jovens sofrem com desconforto na região genital
UFSCar revela que 72,5% das mulheres jovens sofrem com desconforto na região genital - Adene Sanchez/istck

Consequências para a saúde emocional e sexual 536p47

Os sintomas vulvovaginais têm diversas causas possíveis, como infecções, desequilíbrios hormonais ou condições dermatológicas e musculares.

Mesmo que tenham tratamento, esses incômodos impactam o bem-estar emocional, a autoestima e a vida sexual, dificultando o cotidiano das mulheres.

“Trata-se de uma questão que exige um olhar mais global, pois envolve outros aspectos que vão além da saúde, como questões culturais, emocionais e de desconhecimento sobre a própria saúde.”

O tabu e o silêncio dificultam a busca por ajuda 6s2m6v

Para Ana Carolina Beleza, coautora do estudo e coordenadora do Núcleo de Estudos em Fisioterapia na Saúde da Mulher (Nefism), o principal obstáculo ainda é o tabu.

“É importante destacar que sentir dor durante o ato sexual não é normal e deve ser investigada por meio de abordagens clínicas. A tendência de normalizar os sintomas vulvovaginais reforça a necessidade de mais educação em saúde íntima, seja nas escolas ou nos atendimentos de saúde.”

A falta de informação contribui para a persistência dos sintomas e para o desconhecimento sobre quando buscar atendimento médico.

O perfil das mulheres afetadas e os determinantes sociais 5j6k6x

Segundo os dados, os sintomas estão presentes em mulheres de diferentes níveis de renda e escolaridade. Ainda assim, podem ser mais comuns entre as menos favorecidas.

“Isso abre uma série de questionamentos que podemos investigar em próximos estudos. Queremos identificar outros fatores, como renda, educação, emprego, condições de moradia e o a serviços de saúde, que poderiam influenciar a ocorrência de sintomas.”

Com base nesse entendimento, será possível traçar estratégias para combater a normalização desses sintomas e melhorar o o à saúde íntima.

Falta de estudos agrava o problema 3f5713

O estudo é o primeiro no Brasil a abordar essa temática entre mulheres jovens. Mesmo assim, os dados surpreenderam as pesquisadoras.

“Até onde se tem conhecimento, esse é o primeiro realizado no Brasil e para essa faixa etária. Mesmo assim, foi uma surpresa observar a alta prevalência de sintomas vulvovaginais entre mulheres jovens. Nesta faixa etária, sintomas como dor e ardência não são esperados, já que não há alterações hormonais associadas à menopausa, por exemplo.”

O silêncio científico sobre o tema reforça o desconhecimento social sobre a saúde íntima das mulheres jovens.